Governança corporativa como resposta
efetiva em tempos de
transição
Em um cenário de incertezas uma gestão moderna e efetiva faz a diferença.
Uma gestão que prima pela
excelência não espera a crise bater em sua porta para começar a agir, ou
reagir, muitas vezes reagindo de maneira pueril, destruindo valores
corporativos importantes para a sua continuidade e perenidade.
A existência de uma empresa está
centrada em sua capacidade de criar valor para as partes relacionadas e sua
estrutura organizacional deve ser moldada para atender esta sua missão.
O ambiente de negócios a cada dia
fica mais complexo, sejam pela entrada de novas tecnologias, novos players no
mercado, uma maior convergência ao mundo virtual, operações remotas,
mobilidade, novas leis e regulamentos, etc.
Adicione a isto uma crise
econômica e política sem proporções históricas. Inclua também a este cenário
uma grande cadeia de corrupção nos processos de negócio, sejam com entidades
governamentais e também privadas. Processos onde os valores éticos ficam de
lado.
Este é o cenário onde as empresas
que operam no Brasil estão inseridas, tornando o processo de gerenciamento
muito mais desafiador.
Além de tudo isto, outro grande
problema que as empresas, como também nós os seres humanos, enfrentam é a
capacidade de entrar na zona de conforto, região extremamente perigosa, pois
anula o nosso senso critico e cria, na organização, o que chamo de miopia
gerencial.
Neste ambiente as organizações
devem, além de contar com um forte senso crítico baseado nos valores éticos,
estar em constante movimento se adaptando às novas condições de mercado. Isto
requer a existência de estruturas mais enxutas e flexíveis, menos capital
aplicado em ativos de baixa liquidez, uma estrutura de custos otimizada, forte
investimento em pessoas para fomentar a inovação, além de produtos e/ou
serviços de reconhecida qualidade.
O trinômio dos três
Ps ( Produto – Processos – Pessoas) nunca foi tão importante para o sucesso e
direcionamento de uma organização. É importante mencionar que neste
“novo” mundo dos negócios não existe mais espaço para a inércia, para a
mediocridade, improvisação e nem para uma gestão reativa.
As empresas que quiserem ter sucesso em longo prazo devem estar sempre um passo a frente do mercado, oferecendo produtos e/ou serviços com reconhecida qualidade e custos competitivos oriundos de processos operacionais otimizados. Além disto, necessita de pessoas preparadas e capacitadas, com atitude proativa, foco na inovação e visão de longo prazo.
O líder deve ser visionário. Deve
estar comprometido com os valores éticos, com as boas práticas, promover e
primar pela competência. Deve entender que não é possível relaxar durante
períodos sem turbulência e deve buscar permanentemente a excelência em suas
atividades.
Uma boa e sólida governança
corporativa é o caminho para que a organização conte com os atributos
necessários para o sucesso de seus negócios, promovendo uma operação
sustentável e perene.
Não estou falando da estrutura de
governança, mas sim da filosofia de gestão baseada nas melhores práticas de
governança. Como vemos nos noticiários, de nada adianta ter uma estrutura para
governança se não existe um efetivo comprometimento. Observem as empresas
arroladas nos processos de corrupção, elas apenas fingiam que tinham
governança.
Como sugestão, indico as
seguintes ações e atitudes, que se conduzidas de forma contínua promovem a
condição necessária para o sucesso e para a sustentabilidade da organização,
inclusive nos momentos de turbulência, são elas:
1. Um
efetivo processo de governança inicia-se com alinhamento dos processos
operacionais com as metas estratégicas e estas, por sua vez, com a missão da
organização;
2. A
promoção dos valores éticos deve ser parte integrante das atividades do líder,
que deve comunicar, de forma clara e transparente, o comportamento esperado de
todas as pessoas que compõem o quadro da organização, internos e externos. O
líder deve ser o exemplo do comportamento esperado. O exemplo é mais efetivo do
que somente as palavras;
3. Preparar
a empresa estabelecendo a visão de processos e não de departamentos, tornando a
estrutura mais matricial e enxuta, eliminado níveis hierárquicos que são
desnecessários em um ambiente de negócio no mundo digital;
4. Criar sinergia entre os agentes de governança (jurídico, controles internos, gestores e auditoria interna) de uma forma que mantenha um efetivo processo de integridade, inserido na cultura, com o menor custo possível. Cuidado com o que estão “pregando” sobre compliance no mercado;
5. Promover a cultura do risco proporcionando um efetivo gerenciamento dos riscos. Deve estar inserida na cultura organizacional, onde as ações sejam orientadas para a mitigação dos eventos que possam impactar de forma negativa a capacidade da empresa de atingir suas metas estratégicas;
6. A
capacitação e o desenvolvimento de seus talentos devem ser contínuos e precisa
contar com um programa para cuidar deste quesito. A empresa que não der a
atenção merecida a este atributo está decretando sua sentença de morte;
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8. Estabelecer
um programa contínuo de revisão dos processos operacionais e de seu sistema de
controles internos de forma a torná-los mais efetivos e econômicos;
9. Redução
de custos continuamente deve ser um esforço e uma atitude de todos aqueles que
têm a responsabilidade de tomada de decisão. Deve ser um programa e pode fazer
parte das metas individuais;
10. Manter
um processo de monitoramento e avaliação independente da governança, da gestão
de riscos e do sistema de controles internos através de uma auditoria interna
proativa e alinhada ao negócio.
Como sempre digo o sucesso não é uma questão de sorte, é uma questão de escolha!
Eduardo Person Pardini – Sócio principal, responsável pelos projetos de governança, gestão de
riscos, controles internos e auditoria interna da Crossover Consulting &
Auditing. É diretor executivo e instrutor certificado do Internal Control
institute - chapter Brasil, palestrante e instrutor do IIA Brasil.
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