sexta-feira, 15 de junho de 2018

Sobrenome corporativo: quem ainda precisa dele?


Para quem tem mais de 40 anos, é comum se lembrar de estar em um evento e conhecer alguém que se apresentava assim: José da Silva, da Cia. XYZ, esta última parte, o sobrenome corporativo. Porém, com as mudanças muito rápidas das últimas décadas, como a chegada da Internet, de novas tecnologias e da chamada geração millenials, parece que acrescentar esses sobrenomes não tem mais tanta importância assim.

O coach Edson Moraes, formado pelo Instituto EcoSocial e certificado pelo ICF – International Coach Federation, afirma que tanto na sua experiência em consultoria quanto em seu escritório de coaching, atuando com profissionais de diversas áreas, formações e idades, considera que a questão do sobrenome corporativo deva ser observada, sim, sob um prisma geracional.

Baby-boomers (nascidos entre o final da segunda guerra e o início dos anos 60) e a geração X (de 1960 até o início dos anos 1980) consideram relevante o nome da empresa que se apõe aos seus no momento de se identificarem. Dá um certo orgulho ser apresentado como ‘Fulano de Tal da Cia. X’, pois o sobrenome corporativo, utilizado por tempo determinado, identifica uma casta, uma forma de pensar, uma forma de ser percebido pelo mercado e pelos pares. Geralmente, promove certo status e faz com que o profissional se sinta valorizado e reconhecido por todos, sendo útil também para abrir portas e receber convites para eventos, viagens e encontros com seus pares”, indica Moraes.

Por outro lado, as gerações abaixo dos 40 anos lidam diferentemente com o tema, sem que isso signifique necessariamente desprezar o sobrenome corporativo. Porém, esses aprenderam a lidar com outras formas de se relacionar com o trabalho, incluindo o empreendedorismo como uma alternativa concreta e desejada, além de considerar irrelevante o período de permanência nessa ou naquela empresa para suas identidades.

“Por essa razão, reter talentos tem sido um grande desafio para as empresas, atualmente. Esta geração se identifica com o propósito, os valores e os projetos da empresa na qual está, algo menos impactante para os mais velhos. O nome da empresa conta, principalmente se for ligada à transformação digital, mas, nesse caso, mais pelo efeito relevante na mudança da sociedade que pela ‘tradição da marca’. Profissionais mais novos buscam realizar transformações positivas na sociedade por meio do trabalho, enquanto os mais velhos ainda querem a estabilidade de uma empresa”, afirma o coach.

A demissão & o luto

Também não é incomum presenciar algo que ocorre com as pessoas que costumam usar o sobrenome corportativo: após serem demitidas (ou se demitirem/aposentarem), acabam se sentindo transtornadas, como se tivessem perdido a própria identidade.

“Como em processos de separação litigiosa ou morte de uma pessoa querida, a demissão ou a aposentadoria nos obriga a adaptar a vida sem o antigo empregador por meio da reconstrução de significados”, explica Moraes. Ele acrescenta: “A retirada do sobrenome corporativo de uma pessoa pode significar, muitas vezes, a perda de sua identidade profissional, mas não significa que o mesmo ocorra com sua carreira, profissão e objetivos”.

Moraes indica que essa é uma chance de aproveitar a oportunidade para pensar no que se deseja para o futuro: “Baseie-se em seu propósito, seus valores e suas crenças para definir para onde mirar, rever seus objetivos, permitir-se escrever novos planos e definir ações para alcançá-los. Isto facilitará a relação com essa perda e a identificação de novos percursos”.

Um dos caminhos para contornar esse momento, segundo Moraes, pode ser trilhado pelas tarefas essenciais descritas pelo psicólogo Dr. J. William Worden em “Terapia no Luto e na Perda”, que podem ser assim adaptadas às demissões ou aposentadorias:

•         Aceitar a realidade da perda: ser demitido significa simplesmente ter um contrato encerrado. A vida se mantém e novas oportunidades se apresentam;
•         Trabalhar a dor advinda da perda: compreender que não participar da antiga empresa não significa que as possibilidades se encerraram lá. Sem dúvida que qualquer rejeição é dura, mas perceber que quanto mais rápido assimilar esta dor, mais facilmente estará preparado para buscar outro trabalho;
•         Compreender que aquele lugar não será mais frequentado: tudo muda o tempo todo. Neste caso, do crachá à rotina diária de sair de casa e tomar um determinado caminho deverão ser repensados. Incluir outra rotina na vida, mesmo que seja a disciplina para buscar um emprego ou nova atividade já é uma forma de trabalho que requer nova atitude;
•         Prosseguir com a vida, embora as lembranças sempre irão existir: guarde as memórias e os relacionamentos. Certamente a experiência será útil em um futuro próximo, tanto na busca de recolocação ou na definição de novas atividades quanto no networking requerido no caminho da carreira.

Mudando as relações

E por que os profissionais mais jovens provavelmente não passarão por este luto? Moraes credita as mudanças à percepção de que o aumento de produtividade e a redução de trabalho, com consequente aumento de tempo livre, algo que a tecnologia traria aos profissionais, não ocorreu na realidade. Notou-se que o ônus de atividades nem sempre compensava o bônus no final de um período. Isso para todas as áreas, profissões e idades.

Dessa maneira, diversos profissionais das gerações mais velhas também buscam mudanças na sua relação com o trabalho. Mesmo com uma carreira estabelecida, compreender que há vida além do trabalho e que há muito a se viver com ou sem reforma na previdência faz com que se reflita sobre a relação com o trabalho e a forma de se relacionar com a atividade profissional. Hoje é mais simples fazer escolhas do que foi no passado. Incluir temas como qualidade de vida, convívio com a família, tempo de estudo e lazer não são tabus que poucos poderiam sonhar em considerar na vida.

“Os jovens talvez percebam isso de forma mais explícita, até pelo exemplo que têm em casa, mas muitos, de qualquer geração, refletem sobre a carreira e a forma de se relacionar com o mundo do trabalho. Há muita gente dispensando o sobrenome corporativo pelo seu próprio nome, mesmo que isso signifique uma redução na remuneração. Um problema para as empresas e suas áreas de RH, pois, como falei antes, está cada vez mais difícil reter talentos de qualquer idade, seja no auge de sua capacidade produtiva ou no vigor de seu potencial. Como oferecer qualidade de vida exigindo-se o sangue?”, questiona.

Moraes propõe uma reflexão sobre qual o propósito de cada um. Perceber o que nos move a partir do que dá sentido à vida talvez ajude a perceber o quanto o sobrenome corporativo é efêmero e irrelevante. Tanto faz trabalhar para si ou para a corporação X ou Y, desde que algumas questões sejam claramente respondidas por cada um de nós:

•         Faço o que amo?
•         Utilizo o melhor de minha capacidade e dedicação? Faço bem feito?
•         Consigo me sustentar com isso?
•         Sirvo ao mundo?

Encontrar as respostas às perguntas acima e, mais do que isso, conseguir relacioná-las à vida profissional faz com que tenhamos o que os japoneses chamam de ikigai. Trata-se de algo que permite que encontremos um propósito na vida, uma razão para acordar todas as manhãs com alegria e disposição, com ou sem um sobrenome corporativo para nos identificar.  “Portanto, fica a questão: qual é o seu ikigai?” – finaliza Moraes.

Edson Moraes é sócio do Espaço Meio -  https://espacomeio.com.br , Executive Coach desde 2014 e Consultor (Gestão & Governança) desde 2003. Foi Executivo do Bank of America entre 1982 e 2003. Seguiu carreira na Área de Tecnologia da Informação, foi Head do Escritório de Projetos e CIO por 4 anos. É Master em Project Management pela George Washington University.  Participou de programas de educação executiva na área de TI ( Stanford University, Business School São Paulo e  Fundação Getúlio Vargas). Formado em Comunicação Social – Jornalismo pela PUC/SP. É Conselheiro de Administração formado pelo IBGC, Coach pelo Instituto EcoSocial e certificado pelo ICF.  Articulista e palestrante nas áreas de Governança, Tecnologia da Informação e Gestão de Projetos.

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Aquarius realiza workshop sobre indústria 4.0 no Rio de Janeiro e Belo Horizonte

A Aquarius Software, promove o workshop sobre Indústria 4.0 
no mês de junho, no Rio de Janeiro e Belo Horizonte

Durante o evento, empresas e executivos, que discutem manufatura avançada, transformação digital e IOT poderão observar de que forma a sua realidade operacional através do emprego de diferentes tecnologias que estão por trás destes conceitos modifica a forma como cada empresa e negócio se relaciona com clientes e fornecedores, afetando diretamente a competividade.

Os workshops regionais da Aquarius passarão pelas cidades do Rio de Janeiro e Belo Horizonte no mês de junho e apresentam um roteiro compacto que visa permitir a compreensão do atual contexto tecnológico da indústria e os principais passos que devem ser trilhados para a concepção, viabilização, implantação e ampliação de iniciativas baseadas em conceitos da Indústria 4.0.

Datas e Locais:
Rio de Janeiro: 19/06/2018 – 8h30 às 12h30 – Palestrante: Ricardo Caruso
Local: Windsor Guanabara Hotel
Endereço: Avenida Presidente Vargas, 392 – Rio de Janeiro

Belo Horizonte: 04/07/2018 – 8h30 às 12h30 – Palestrante: Carlos Paiola
Local: Hotel Promenade Lanelli
Endereço: Rua Paraíba, 1287 – Belo Horizonte
São Paulo: 18/07/2018 – 8h30 às 12h30 – Palestrantes: Carlos Paiola e Ricardo Caruso

Sobre os Palestrantes:

Ricardo Caruso é mestre em gestão de operações pela FEA/USP – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo – e engenheiro de automação e controle pela Poli/USP – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Trabalha com sistemas de otimização e gestão industrial há 12 anos em aplicações de diversos segmentos industriais. É autor de artigos sobre gestão de operações, inteligência artificial e manufatura avançada em revistas e congressos técnicos e científicos. É sócio e diretor da área técnica da Aquarius Software.

Carlos Paiola é mestre em engenharia de automação e controle e graduado em engenharia elétrica pela Poli/USP – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Tem experiência em projetos de integração de sistemas e atua com softwares líderes de mercado para automação e gestão industrial. É autor de artigos sobre gestão de operações, supervisão e controle e normas ISA (The International Society of Automation) em revistas e congressos técnicos e científicos. É sócio e diretor da área comercial da Aquarius Software. É também diretor da ISA São Paulo Section e fundador da seção estudantil Poli/USP.