terça-feira, 18 de junho de 2019

Falar de inclusão no mundo corporativo é conviver, e não apenas o cumprimento de uma quota

Por Celso Braga


Como as empresas devem se preparar para incluir em seu quadro de funcionários colaboradores com necessidades especiais – Quais os ganhos para a empresa? Não estamos falando de cota. Estamos falando de conviver com o diferente para ampliar o olhar para as capacidades, e não limitações físicas.

Como todos os temas novos que surgem, a inclusão passou por um processo de ser algo obrigatório para ser algo que faz parte de nosso cotidiano de verdade. Aconteceu isso com o fator responsabilidade social. Muitas organizações pregavam políticas na parede, que não correspondiam a ações verdadeiras no dia-a-dia. Agora, vemos que se tornou verdadeiramente um propósito em muitas dessas organizações. 

A inclusão, atualmente, nada mais é do que uma cota obrigatória na maioria dos casos. A boa notícia é que caminhamos para a incorporação desta prática como parte do cotidiano e verdadeiramente algo que faz parte, e não algo à parte. 

Preparar o ambiente para facilitar a entrada de pessoas que devem ser incluídas é, ainda, um desafio. Podemos ter cadeirantes, cegos, pessoas com síndromes diferentes e cada um vai precisar de um tipo de adaptação. Desse modo, talvez não seja possível termos todas as condições de realizarmos as adaptações antes da chegada destas pessoas, mas podemos fazê-las à medida que a situação se apresenta, o que requer uma cabeça aberta para investir nessas adaptações. 

Lembremos que, se for de verdade e não apenas um cumprimento de cota, ficaremos com o profissional se ele entregar resultados de verdade. Senão, ele poderá sair como qualquer outro profissional. A empresa ganha à medida que as pessoas como um todo percebem o respeito a todas as condições de um indivíduo e as exigências de maneira real para que todos possam dar sua contribuição.

Eu passei por uma situação difícil há alguns anos. Uma empresa me contratou para um evento de integração e desdobramento do planejamento estratégico com 800 pessoas participantes. Após levantarmos o perfil dos participantes e as condições para o evento, criamos algumas atividades que envolviam música e a empresa aprovou. Ao chegar ao local, descobrimos que 20% das pessoas eram surdas e que faziam parte do processo de inclusão da empresa. Ninguém lembrou de nos avisar. Demos um jeito na hora, um super desconforto e desafio.

Ao conviver com pessoas diferentes, a ampliação do olhar e a inclusão tem a ver com todos passarem a olhar o diferente como parte do processo e não apenas como uma obrigação de convivência. Nas escolas atuais, vejo que isto tem sido comum, as pessoas são incluídas pelos alunos como parte da sala, fazendo com que todos colaborem mais uns com os outros. No trabalho, talvez esse seja o efeito colateral mais desejado, um aumento de colaboração entre todos.

Celso Braga – sócio-diretor do Grupo Bridge

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