Corra para não perder a onda das fintechs
Por Odilon Costa
O Brasil já tem mais de 500 startups com foco em soluções
financeiras. Porém, de acordo com o Fintech 100, da KPMG, o país possui 3 das
100 fintechs mais inovadoras do mundo, com destaque para a ascensão de neobanks
e o crescimento acelerado de serviços
bancários digitais globais.
Como ainda há muito espaço para esse mercado evoluir no
país, os pontos mais fortes neste momento são os indícios de liberação do
sistema financeiro (com a flexibilização da entrada de capital estrangeiro) e a
concessão de crédito, na modalidade de Sociedade de Crédito Direto. Esse
movimento, inclusive, deve impactar a economia nacional, porque haverá mais
oferta de crédito, contribuindo para o destravamento dos investimentos.
O FinTech Mining Report, estudo realizado pela Distrito, mapeou
o cenário das fintechs no Brasil, identificando as tendências e as tecnologias
do setor aqui e no mundo. A seguir quatro tendências que precisamos ficar atentos para
não perder essa onda do digital:
Bancos e pagamento mobile
A indústria de pagamentos e bancos mobile mundial
movimentou, em 2017, mais de US$ 1 bilhão por dia em transações, segundo a GSMA,
e continuará a crescer. O segmento tem sido impulsionado pela acessibilidade
que entrega às pessoas excluídas do sistema tradicional, especialmente América
Latina e África.
Até o próximo ano é esperada uma queda de 36% no número de
transações em agências e aumento de 121% em transações móveis, chegando a 88%
do total. Esse movimento impulsionará os investimentos em carteiras digitais e
ferramentas de transação sem contato, com transferência instantânea.
Os bancos tradicionais e grandes empresas devem continuar
investindo em seus canais digitais, enquanto desenvolvem estratégias para
colaborar, adquirir ou investir em startups ou criar suas próprias fintechs. Essas,
por outro lado, precisarão de fôlego para enfrentar dificuldades regulatórias e
desafios de escala.
Blockchain
A tecnologia e o conceito das criptomoedas já tiveram uma
grande influência na transformação do mercado financeiro, com novas formas de
transações, infraestrutura e regulamentação, mas ainda há muito pela frente.
Apesar do seu surgimento ter sido ‘fora-da-lei’, essa
tecnologia promete ser a base de importantes evoluções no setor, por ter um
alto padrão de segurança em quantidades massivas de dados e uma enorme
agilidade para reduzir processos intermediários de transações e contratos, que
passam de dias a minutos ou segundos.
Atualmente, o setor financeiro gasta US$ 1,7 bilhão por ano
com blockchain e espera-se que esse número cresça, assim como a procura por
especialistas na tecnologia.
Automação
Os assistentes virtuais já estão substituindo os call centers
em várias funções. O próximo passo será a “Automação Inteligente”, que usa
Inteligência Artificial combinada à Automação Robótica de Processos. Dessa
forma, a automação passa das tarefas e processos repetitivos para a tomada de
decisões complexas relativas a investimentos, controle de gastos e aprovação de
empréstimos.
Outras tendências são as automações para proteção dos
clientes (que ajuda verificar identidade para evitar fraudes e controlar gastos)
e o uso de comandos de voz (Voice Banking), que já é oferecido pelo Ally Bank,
Mercantile Bank of Michigan e Capital One, mas ainda de forma limitada, permitindo
ver apenas as últimas transações.
Open Banking
A abertura dos dados bancários de modo seguro e padronizado
para novos serviços financeiros, veio para ficar e continuará orientando novas
soluções e mudanças na regulamentação do setor. A União Europeia já é uma
referência com a PSD2 (Payments Service Directive 2), que regulamenta a
abertura de APIs das instituições financeiras tradicionais.
Seguindo esse exemplo, o Banco Central do Brasil deu o
primeiro passo e divulgou o início do processo de implementação do Open Banking
no Brasil. Essa nova relação entre as instituições e o os consumidores podem
abrir caminho para novas soluções.
Porém, tanta exposição demanda um cuidado especial para que
não ocorra vazamento de informações e ataques cibernéticos. Ou seja: o Open
Banking é vital para o desenvolvimento do setor financeiro e com um bom
planejamento de implementação e mitigação de riscos pode ser uma virada de chave
para a disrupção.
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